quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Morrer de Amor

Meu coração as vezes para
E eu saio por aí
Quase sem vida,
Meu coração na verdade
Trepida, fibrila,
Enrola a língua...
E quando a tristeza é muito grande
Ele me aperta bem no meio
E de abstrata,
Como dizê-lo,
Uma dor tangível
É que me constrange...
Quem foi que disse
Que não se morre disso?!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ao SE


Eu queria ser o “se”
“Se” de sete em vez de uma,
Se eu fosse o se
Eu faria a mais bonita
Oração condicional...
Perguntando a Deus se me ouvia
Só para virar uma integrante
A ser sempre o que fui antes
Uma subordinativa.
Já para virar uma partícula
De realce ou expletiva
Passam-se várias horas,
E nessa espera apassivadora
Espalham-se rumores,
Trabalha-se num apelo tal
Por fazer-me mero índice
De Indeterminação do sujeito.
Quanto ao sujeito,
A breve história é que
Ele arrepende-se do delito
- Querer ser verbo pronominal -
E numa atitude derradeira
Matou-se deixando num bilhete escrito:
“Por que deixei de ser pronome reflexivo?”

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Um Café por Gentileza


Um café não precisa ser expresso
Pode ficar subentendido,
Pode continuar puro
Mesmo sendo mocaccino,
Pode por um cappuccino
Quando for sair na chuva
E não quiser correr o risco
De virar americano,
Rebaixado,
O que no fundo e no raso
Significa a mesma coisa,
Pode vir sem açucar,
Desarrazoado,
E ser o mais doce disparate,
Pois um café
Não precisa ser expresso
Pode ser pingado,
Despretencioccino,
Fica a teu critério...
Mas por gentileza,
Que não seja submarino
Café sem açúcar... até vai lá,
Mas sem café?!

sábado, 29 de outubro de 2011

Poetas de Quinta











Eu não quero perder a forma,
O ritmo
Eu não quero ressuscitar escolas,
Ritos de poesia.
Eu não quebro dogmas
Nem estabeleço paradigmas,
Eu só quero que sejamos livres,
Em verso, em prosa,
Nos versos contados
Das poucas horas
Que nos restam
Para ainda sermos poetas.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ao Teu Amor

Dizes-me indiretamente
Tudo quando quis sempre ouvir,
Falas-me de sonhos ditosos,
Pormenores delicados
Do tu e eu...
E neste teu mundo
Repletos de lugares que me cabem,
Perfeitamente,
Em que por certo eu seria
A mais feliz,
Como dizer?
Quisera ter o peito aberto,
A alma livre,
Queria mais que tu
Ser tua,
Sem “mas” na frase contígua,
Sem este “porém”, “contudo”, “todavia”,
Feito para nos aniquilar.

sábado, 8 de outubro de 2011

PELA MANHÃ

Eu faço festa
Aqui do lado de fora
Do teu coração,
Rente à porta
Que não me atrevo bater.
Colocasse um só pé
Além entrada,
Tu não imaginavas...
Se eu entrasse
No teu coração,
No instante que é agora
Preferiria não ser eu,
Que fosse outra pessoa
A abrir os olhos pela manhã.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mania


A mim, não me posso enganar.
Tu me ouves em silêncio
E em silêncio
És meu melhor comparsa...
Tu te demudas
À minha volição
E de preto puro
A lacticínio,
Teu vapor me embriaga
E me revigora
A qualquer hora do dia.
Apenas uma reclamação a protocolar:
“E quando eu precisar ouvir?”

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O meu amor é vivo
Em cada termo e no silêncio.
O meu amor é meu,
Não teu,
Não por egoísmo
Mas por viver em mim.
Esse amor que é meu
Eu te dedico
À revelia dos teus anseios
E sem nada cobrar-te,
Amo-te pelos dias
Pelas horas,
Nos devaneios
Do meu tórax,
Desse amor gigantesco
E inexaurível
Que te olha e te diz
Contraditoriamente: “Vai”

Luz

O meu peito está repleto de luz
Eu espelho turvo
E Deus em mim para outro,
Não sou perfeito,
Não mereço,
Mas o meu peito está tomado de luz.
E por caminhos obscuros
Apresso a marcha,
Às trevas que Ele nunca olvida,
Sou instrumento de meu pai,
Daquele que escuta cada sussurro
Cada gemido surdo,
Nos mais longínquos confins.
O meu peito é transbordante de luz,
De uma luz cedida,
Que Ele me permita mantê-la acesa
De agora até o fim da jornada.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Antiquado

 
Fosse mais suave
Este amor que te trago,
Ao que viesse à tona
Dissolver-se-ia no ar,
Mas se tu o comparas
Às coisas baratas
A que não deve estima
Então não permitas
Que eu te reduza,
Te delimite
E te corroa
Com a desonra
Da minha fugacidade,
Aparta-te de mim
Que não te faço jus.
Do contrário
Se notares-me
A alma pura
Deste delicado amor,
Não te acabrunhes
Ele é de graça.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Imaginação













Posso ver nosso filho,
Cada dobrinha,
A mão segundo teu dedo,
Os olhos de “eu vi primeiro”,
E a boca
Que faria questão que fosse à tua.
Posso ver-te com ele
Ou ela, quem poderia saber,
Sentada na cadeira de balanço,
A dormir sobre teu peito
Enquanto me sorrisses
De pura satisfação...
E já que não posso dar-te um filho
Não pensei nas noites sem sono,
Nem nas fraudas por lavar,
Supus apenas como seria bom
Dar-te um pedacinho desse algo
Metade meu, metade teu.

domingo, 18 de setembro de 2011

Infinito

Meu pensamento vai além,
Divaga entre mundos
Entre sonhos levantados
Ao pretexto de ti.
E quando tudo me diz
Não ser possível seguir,
Meu pensamento vai além.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Durma Bem

Depois de ti
Não dormi mais,
Se longe não durmo,
Se perto, como dizer...
Contemplar teus olhos fechados
Hipnotiza,
Reparar se respiras
É outro ofício
Não exatamente prazeroso
Como o primeiro,
Mas absolutamente necessário.
Queria ficar afagando teu cabelo,
Mas aí tu acordas,
Como não dormisses
De fato,
De modo,
Que para não incomodar-te
O melhor por agora
É ficar bem quieta
Esperando que cresças,
Amor.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Em Síntese

"As coisas são o que queremos ver e também outras" (J. Lacerda)

“É amor”,
Diz a paixão
Para o momento,
E a confusão
De sentimento
Tudo acredita...
“É amor”,
Diz o ardor
Dissimulado
Mas o fim é tão volátil
Quanto o princípio.
Já bem no fim
Quase a saída
Inda se indaga:
“Será amor?”
Não!
Não é amor,
Não era amor
Instinto extinto
Em síntese.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O QUE ME ENCANTA

Amo o jeito como tua boca se enche de sorriso,
E os teus olhos se centram no meu
Quando falas.
E tu ainda mexes o cabelo,
Daquele jeito,
Pro lado.
Posso até sentir o perfume,
É inebriante...
Sabes quando tu falas e pára,
Delicadamente,
Pra organizar as idéias?
Eu confesso que fico ansioso
Queria continuar ouvindo tua voz rouca,
Aquela arrastada na areia,
Voz segura, firme.
E tu vens poetisa,
Como a mesma voz segura e firme,
Ao tocar tua escrita “Nua”
Chego a ouvir ditar
Palavra por palavra
Em tom inconfundível
Com a mesma voz segura e firme
-“Voz de tudo vai ficar bem”.
Mas o que eu não entendo
É porque divaguei em tanto em teus encantos
Pra te dizer, unicamente,
Que te amo.... Poesia?

(Alex Rodrigues)

Existem pessoas que sabem bem como fazer feliz outras pessoas. Não sei o que fiz para merecer tua amizade meu amigo Paradoxal... mas só para avisar, eu sou o esquilo e você o pintinho.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Parte a Parte

Teus beijos,
Teus abraços,
Uma lembrança dolorida
Contorcendo meu coração.
E na confusão
Que se faz aqui dentro,
Perguntas sem respostas
Concisas,
O que tenho.
Eu durmo contigo
Todas as noites
Sem que percebas,
Eu deito ao teu lado
A acariciar teu cabelo
Até tu durmires.
Meu bem,
Se tu soubesses
Que toda noite
Eu ganho asas
Para te encontrar,
Tu saberias
Que estou de partida
Do único modo possível,
Parte a parte.

domingo, 28 de agosto de 2011

Em Particular


Te delimito em quadros,
Emoldurado,
Desenho traços,
Até disformes...
E com apagador
Apago a dor,
Apago a cor,
Como se tudo fosse possível
E a vida valesse à pena.
Mas é em vão!
Ainda te vejo particular,
Pairando no ar,
Suspenso em pó.
E tenho que confessar:
Voltarei a te rabiscar
Em linhas obtusas,
Grosseiras,
Desalinhadas.
Só pra ver,
Pra te ter,
Pra me satisfazer...
Em particular.


Alex Rodrigues

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Amo

A amo,
Com esta forma
Recém inaugurada,
Tênue,
Propria para prolongar-se,
Atemporal.
Acomodas-te no meu peito
Feito criança
E o meu amor mais puro
Coça tua cabeça
Bem de leve.
Se eu soubesse
Que te amar assim
Era tão bom
Não tinha deixado
Para te amar
Só agora.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Oscilar

Oscilo,
Ora nisto
Ora naquilo,
Ora em nada...
Paro,
Hora se acaba
Hora finita
Hora abismada
Relógio
Sem bateria.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

À Deriva

Eu, um barco,
Perdido no mar
Do amor meu amor por ti.
À deriva,
Velas soltas,
No infinito azul
Que me circunda,
Não caibo em mim
De tristeza,
Pois se de amor
Não vive
Apenas um,
Menos se sabe
Por que se ama
Quem ama outrem.
Meu coração se parte
Todos os dias,
E parto com ele
Em qualquer direção
Para qualquer margem
Longe de ti.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PARA O MEU FUTURO AMOR III

Quando no meio da noite,
De súbito,
Vier uma vontade irresistível
De me beijar,
Me beije!
E se no meio da noite
For a minha temperatura
Motivo de ansiedade
Aproxime-se!
Sonegue o meu sono,
Não se importe com as olheiras
Que sobrarem no outro dia...

OBS:Escrito especialmente para Lara http://mensagemefemera.blogspot.com que deixou um comentário muito querido no poema Retribua. Este é um poema para o teu futuro amor, minha querida amiga e poeta.

O Ponto

Parte de ti
Agora sou eu.
E se sou parte
Metade,
Um terço,
É que algum todo
Perdeu a inteireza.
Agora sou parte
Um naco de estranheza,
Um pedaço forasteiro
Quase ignorado.
Agora sou uma parte
E se sou parte,
Que seja a aparte mais bonita,
O ponto colorido
Na tua imagem
Em preto e branco.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Retribua

Queres-te dormir
Deita no meu peito
Faz de travesseiro
Meu abraço,
E no aconchego
Das noites infinitas,
Apareço
Com propostas doidas
De amor.
Faço acordos,
Mil beijos dilatados
No pescoço
De bom dia.
Faço tratos,
Tratados,
Pedidos,
Músicas inéditas
Que não lembrem
O que era,
O que seria.
Quer dormir-se?
Durma comigo,
Não acredite
Em tudo
Que digo,
Mas retribua
Os beijos que eu te der
No meio da noite.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

À Minha Glória

Qual minha Glória,
Flor de algodão,
Metáfora insuficiente...
A minha Glória
É poesia transbordante do cotidiano,
Rede que embala sonhos,
Pensamentos anfibológicos,
Minha Glória
É a ironia colorida e pueril
De um verso sem pretensão.
A minha Glória
Carrega pencas de netos-bisnetos,
Filhos postiços,
Amores do coração.
Se quiser saber
Qual seja a minha Glória,
Abre teu tórax,
Abre teus braços,
Faz-te campo hiante,
Pois a minha Glória
Não Arauja em qualquer lugar.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Nota

Eu não te faço poemas,
Por que não quero deixar-te
Presa a folhas mortas de papel.
Meu poema de amor
Para ti
É meu peito aberto,
Sem medo,
É minha boca
Em silêncio,
Por teu beijo.
Eu não te escrevo versos,
Te esboço a punho,
Deito a matiz da minha boca
Para colorir tua cútis.
O meu poema
Pra ti,
É agora,
É à urgência da saudade,
É a amizade que me cobras
E que não consigo limitar.
Sou tua Mary Jane
Tua personagem,
Sou tua,
Só tua,
Nota!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Café para Um

Quente,
Muito quente,
Alucinógeno,
Mais café que leite,
Adoçante,
E degenerativo
À Alzheimer.
Porque nas considerações,
Apenas eu
E a minha xícara de café,
E eu consinto
Permanecer alegre.

Soturno

Coração
Que precoce
Abriste a guarda,
Fecha-te em copas,
Na copa nua,
Das árvores sem folhas,
Sem flores,
Dos Ipês fora de época.

Deixa-te notar.
Tudo calha
E no porvir
A perspectiva,
Tudo florir!
Sempre florir,
Sabe-se
Por tirocínio ou intuição.

Poema com Sabor

Fosse possível
Degustar um poema,
Este seria
Sabor "m&m".
Não que consista
Em poema de marketing,
Nem que ele seja
O melhor chocolate,
É que "m&m"
É sob medida
Para lembrar de você.

Titubear

Tensão.
Depois da pergunta
Que exigia "sim",
Silêncio.
Pudera valer o ditado
"Quem cala consente",
Mas não,
Era só silêncio...
Mais alguns segundos,
Clima tenso.
Custava responder de uma vez
Coisa tão simples,
Fosse sim ou não?
Impacientou-se:
- Afinal, a senhora aceita ou não?
- Não! Digo, Sim!
- Minha senhora, ou é sim ou não.
- Tá bom. Sim! É que estava de dieta, mas traz uma coca.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Escrever é Irresistível

Ao escrever
Tenho a impressão que as letras
São pedaços que se arrebatam
Para além de mim,
Tenho a impressão que os sentimentos
Diluem-se pelos meus versos
Até desaparecerem.
Eu me reduzo e me limito
A escassez lexical,
Pela necessidade de definições,
De encontrar partes
Que componham
O meu universo particular.
Procuro respostas, sem encontra-las,
Encontrando-as toda vez,
Inda que seja,
Com suaves variações.
Nada é absoluto,
Única coisa bem resolvida até agora.
Eu escrevo,
Eu continuo a escrever
Por que escrever é irresistível,
É como o porquê que sobra
Sucessivo, a termo de uma resposta,
Escrever é a terapia do esquecimento,
Da exaustão ou do convencer-se
De que algo é o que é mesmo não sendo,
De se enfeitar a realidade às ilusões convenientes.
Diante dos fatos, findo por hora que:
Eu queria ser apenas eu lírico,
Por que escrever é minha desdita
E não queria ficar demasiado exposta,
Eu não queria surgir tão óbvia
No raio-X dos meus poemas.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Prazo de Validade

A palavra dita
Finda
No último suspiro,
A escrita
É eterna
Impressa no papel,
Os sentimentos
Lapidam termos,
Os versos carregam
A própria alma
Do poeta,
Por tempo limitado,
Mas o que mata mesmo
É esta falta de etiqueta
A definir
Qual, por fim,
É o seu prazo de validade.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Razão

Cabes em mim de memória,
Lembrança detalhada,
E o mapa do teu corpo que amo,
O que também me ama,
Única certeza,
Tenho guardado.
Nada mudou drasticamente,
Diz-me,
Minha vaga lembrança,
Fotográfica,
Nem o meu amor,
Pura latência.
Alcanço,
Sempre haverá Razão
Quem sabe antes do fim
E depois do fim
Recomeço.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Veleiro

Às tuas mil caligrafias
Uma saudade,
Tu longe,
Eu sob o aroma
Do cappuccino que te fiz
E não pudeste tomar,
Tomando-me
A tua maneira.
No teu abraço
Como não sorrir?
Estranho
Tudo mudar
Rápido como um lampejo
Lindo
Feito um veleiro
Em mar aberto.
Quão boas
Podem ser as mudanças
Cismo...
Cismo: Que horas tu vais voltar?
Meu bem,
Eu tenho pressa,
Não me deixe perder
Mais este segundo.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Para o Meu Futuro Amor II

Agora que chegaste,
Sem alarde,
Aviso prévio,
Fique!
Abro devagar
As portas do meu coração,
Para que a luz
Não me ofusque,
Espere um segundo,
Ainda não entre,
Eu quero estar certa
De que tudo está arrumado
De que ao sentar no meu divã
Ficarás tranquila.
Agora que chegaste,
Sem convite,
No momento mais apropriado,
Eu não te farei sala,
Farei silêncio
E apenas dois pedidos,
Favor não corte as asas
Deste teu passarinho
Que ele conhece bem
O caminho,
Por favor, seja gentil
E também me deixe entrar,
Eu vou tentar
Não fazer tanta bagunça
Nos teus planos pro futuro.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ana e Eu

Uma voz no fundo do rádio
Garganta que arranhava
Estranha...
Fiquei confusa,
Voz de homem ou de mulher?
Andrógena,
Mas era ela
Linda,
Unha e cabelo vermelho
Pessoalmente.
Para mim uma palavra,
Muda,
Todo aquele ensaio
E bem na hora, muda.
Ela me chamou de Adriana
Eu, muda,
Me tascou dois beijos
E eu, muda,
Passou a mão pelo meu ombro,
Velhas amigas,
Fez pose,
Tão irreal e humana,
Era mesmo Ana?
Me pergunto
Toda vez que vejo a foto.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

LACUNA

Tanto querer
Fosses embora,
Meu bem,
Nem sei mais.
Não me pergunte
Por sentimentos,
Gostos,
Começo a gostar desta lacuna...
É o que noto
No momento.
Fico com meu cappuccino,
Assim está bom.
Guarde nosso segredo,
Se puderes,
Em apreço
Ao quanto te quis
Bem,
Meu bem,
Fique bem,
Até.

No Teu Rastro

A ausência do teu sorriso
Levou parte da minha felicidade,
E já não encontro mais vida
Nessa angustia obscurecida
Que há muitos declinou
Do que talvez um dia serei.

Ao tentar respirar por ti
Esqueci de viver em mim,
Apesar de não saber quem sou,
Sei muito bem de quem preciso

Sinto saudades do teu amor que nunca tive
E invariável, como se pra mim mentisse,
Num ímpeto desolador de falta
Meu coração pulsa dizendo:
-Estarei lá, onde seus passos me levarem.

Alex Rodrigues

terça-feira, 21 de junho de 2011

                                               Thiago Soeiro

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Para Deux

Eu não consigo resistir
Aos beijos que tu me das
No canto da boca,
Eu não consigo dizer não
Ao desejo
Do que não posso realizar.
Estou pensando
Largar mão da escrita,
Meu vício,
Sem o que
Não te conquistaria,
Com o que
Ficarei com os dois,
Sem tê-los de fato.

DIRETO

Quem não sabe amar
Não ame!
Que amor de verdade
É particular
E só a quem ama cabe
A importância de se amar.

CREME DENTAL

Te amo sutil
Meu bem,
Com um amor só meu.
Te amo delicado e belo,
Feito bolha de sabão.
Te amo pronome obliquo
No início de frase,
Te amo sem regras
Sem convenção social.
Te amo tanto
Que chega ser constrangedor,
E isto é coisa
Que eu não te digo,
Prefiro pôr
Creme dental na tua escova.

Janete Lacerda

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Divergência

Influenciado pela Gramática
Ele cortou o “.”
Para criar uma “÷”.
A Matemática inconformada
Protestou:
“Justiça fosse feita
Ninguém se metesse em matérias de sua alçada”.
Se dirigiu ao fórum
A abrir um Processo Geométrico
Que aquilo não ficaria por “–“.
Ao chegar à justiça,
Onde a serventuária
Para lavrar lhe o pedido?
Só uma reta de saída,
E em bom português
Uma placa que dizia:“ESTAMOS EM GREVE”.

OBS:. Devido aos fatos acima narrados
A Matemática irritada passou mal,
Fez uma circunferência e caiu
Mas não chegou ser socorrida
Pois não coube nos 30% de Saúde
Disponíveis naquele dia.

terça-feira, 14 de junho de 2011

ABSTRUSO V

Vive-se hoje num período da história brasileira, tão livre ou livre, quem sabe até certo ponto. O fato é que se pode dizer abertamente qualquer coisa ou algumas pessoas podem dizer o que quiserem outras não. Mas para que tanta redundância? Bem. Às vezes fico pensando como os poetas da ditadura eram brilhantes, tão precisos em dizer sem dizer e se fazer entender nas sutilezas de um verso pueril, penso inclusive se alguns poemas eram realmente de protesto ou se o povo já habituado à clandestinidade é que interpretava tudo subversivamente.
Ainda bem que hoje a constituição nos ampara a todos ou não, como diria Caetano, desde que não utilizemos do anonimato.






 
Não me venha com este sorriso amarelo
Para amolecer meu coração,
Que minhas mãos continuam limpas.
Não me peça para compreender tua traição
Pois no meu carro ainda estão às marcas
Da minha aposta mais ousada.

E se tiveres hombridade,
Não ouse mais me olhar nos olhos
Pra me dizer hipocrisias,
Não creia que sou assim, tão idiota.
Não me procure com propostas obscenas,
Mais indecentes do que filme de secretárias,
Não me venha pedir paciência,
Estou decepcionada demais
Para te perdoar agora.

Arrume suas tralhas,
Chega de negociações vazias
Daqui quatro tempos você vai voltar
Aí serei eu a dizer não,
Aí serei eu fazer justiça,
A não te escolher inda que sejas
A minha única opção.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Processo Criativo

Não sei se posso dizer que todo mundo tem curiosidade de saber como é que os poetas escrevem, a troco de que, sentindo o quê. De qualquer modo, gostaria de confessar que sou uma ladra, pois parte da minha criatividade vem dos outros, de frases que escuto e acho interessantes.
Estava eu, com duas postagens prontas para o dia de hoje, conversando com um amigo no msn sobre relacionamentos e num dado momento ele disse: "tem vezes que me pego ainda criando esperanças sabe". NOSSA! Achei isso fantástico e autorizada por ele (coisa rara) escrevi o seguinte poema:

CONTRADIÇÃO

Depois que partistes
Sem sequer dizer adeus,
Me pego criando esperanças,
Órfãos do meu amor,
Me pego cuidado
Com tamanha consideração
Do que ficou...

Depois que partistes
Tu e a tua covardia,
Me pego querendo explicações,
Me pego querendo apagar-te
A todo custo
Das minhas lembranças,
Mas ao mesmo tempo
Guardando,
Do outro lado da cama,
O teu lugar.

Lapidar









O poema é um lapidar.
Da porta do peito aberta
Para além,
Uma arrumação de palavras,
As mesmas
De qualquer boca,
Do sentimento,
Que toca igualmente
Em peitos diversos
E por isso sente-se
Um poema cair tão bem
Como traje de alfaiate.

Receita de Cappuccino

Duas colheres de café gourmet
Em cem mililitros de água,
Um beijo teu na minha nuca,
Um copo de leite
A ponto de ferver,
Um rodopio pela cozinha
Mais um beijo demorado
Em retribuição,
Até que a chaleira chie.
Duas xícaras até a metade
De café a menos de 100º,
Duas gosta de chocolate
Para me exibir
E te conquistar irremediável.
Por fim,
Encho-te a xícara de leite
E de canela um coração.
Eis minha receita
Quase infalível,
Para que o nosso amor,
Minha querida,
Não seja só,
Nem para o resto desta vida,
Escassa vida,
Para tudo que há em mim.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

SINAL DE OCUPADO

Cheguei a provar seu beijo
Mas não pude aproveitar nossos momentos,
Porque meu coração dava sinal de ocupado quando você tentava me falar.

Onde foi parar o CD do Madredeus
E aquela vodka importada que tanto me lembram você?
Está chovendo por dentro e por fora... De repente, tudo ficou cinza e sem graça por aqui...

Queria falar línguas diferentes das que falo – a dos anjos, talvez – e poder dizer pra você agora, neste momento, baby,
que o dia amanheceu chuvoso novamente, que já não sei mais o que é o amor e tenho dúvidas quanto aos personagens desta história.

Mali
TRAVESSEIRO

Um travesseiro incomum
Para um dia de chuva,
Porque chove lá fora
E aqui dentro
Também.

Janete Lacerda

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DIZ TRAIDA A MENTE

Distraidamente define a forma como nos conhecemos,
Diz o modo como nos encontrávamos,
Até com certa antipatia,
Distraidamente sem nos apercebermos
Que de tão distraidamente
Flagrei-me te olhando
Distraída da vida,
Minha querida,
Tudo tão intenso e desatento,
Feito lápis “6B”,
Feito a única lembrança concreta que me destes
Configurada em versos,
Versos imódico perecíveis
Do nosso precário amor.
Não que queira falar de coisas sombrias
Como a maneira como te suicidas
Dentro de mim,
Distraidamente...
“É tanto amor
E tão parca a vida”,
E tu partindo
Sem nem ao menos ter chegado
No raso do meu pusilânime pulsante
Órgão vital.
Sinto-te morrendo,
Flor em água e sal
Ao sol do meio dia,
Sinto-te extinguir-se
E dói tanto
Que isso, para mim, não faça a mínima diferença,
Pois estamo-nos perdendo também
Distraidamente.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Que é a Felicidade?


“922 - A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um; o que basta à felicidade de um faz a infelicidade de outro. Entretanto há uma medida de felicidade comum a todos os homens? R: Para a vida material, é a posse do necessário; para vida moral, é a consciencia tranquila e a fé no futuro. (Allan Kardec - Livro dos Espíritos)"

Desgraça Real
“24. Toda a gente fala da desgraça, toda a gente já a sentiu e julga conhecer-lhe o caráter múltiplo. Venho eu dizer-vos que quase toda a gente se engana e que a desgraça real não é, absolutamente, o que os homens, isto é, os desgraçados, o supõem. Eles a vêem na miséria, no fogão sem lume, no credor que ameaça, no berço de que o anjo sorridente desapareceu, nas lágrimas, no féretro que se acompanha de cabeça descoberta e com o coração despedaçado, na angústia da traição, na desnudação do orgulho que desejara envolver-se em púrpura e mal oculta a sua nudez sob os andrajos da vaidade. A tudo isso e a muitas coisas mais se dá o nome de desgraça, na linguagem humana. Sim, é desgraça para os que só vêem o presente; a verdadeira desgraça, porém, está nas consequências de um fato, mais do que no próprio fato. Dizei-me se um acontecimento, considerado ditoso na ocasião, mas que acarreta consequências funestas, não é, realmente, mais desgraçado do que outro que a princípio causa viva contrariedade e acaba produzindo o bem. Dizei-me se a tempestade que vos arranca as arvores, mas que saneia o ar, dissipando os miasmas insalubres que causariam a morte, não é antes uma felicidade do que uma infelicidade.”
(Cap V. Evangelho Segundo o Espiritismo)

Eis o que todo ser humano busca ao longo da vida, FELICIDADE. Uma busca por assim dizer, intuitiva, pois não se sabe ao certo o que seria ela. De modo que, uns a procuram na riqueza material, outros nos relacionamentos (amor e suas nuances), outros na realização profissional, outros na religião, enfim.
A felicidade, neste caso, seria o preenchimento do vazio existencial que, invariavelmente em um dado momento da vida, todos haveremos de sentir.
Fato: A completa felicidade não é possível neste planeta, disso sabemos empiricamente, mas como deixa claro os dois trechos da Doutrina Espírita, a felicidade relativa é inerente a cada pessoa, a forma como se encara os acontecimentos.

Um detalhe muito interessante e que particularmente nunca tinha parado para pensar é que a felicidade não está no ato em si, mas nas suas consequências, ai também se encaixa a consciencia tranquíla, pois, pela lei da natureza, para toda ação uma reação, de modo que pela lógica não podemos esperar bons resultados de más atitudes.
Em resumo, se houvesse uma fórmula para a felicidade ela estaria nas palavras de Jesus: "Amai-vos uns aos outros como a si mesmo."
Ainda tão distantes da moral do Cristo, o que fazer?

Senhor!
Diante do meu desmerecimento,
Apelo para a tua misericórdia
Que conheço infinita.
Dai-me um coração que seja bom,
Ensina-me o amor,
Liberta-me do ciúme,
Da inveja,
E de toda baixa sensação,
Ensina-me ver
Em cada pessoa a tua imagem,
Mesmo naquelas que me causam repugnância,
Pois somos todos irmãos,
E só de mãos dadas
Chegaremos a ti.
E que assim seja.