terça-feira, 26 de julho de 2011

Nota

Eu não te faço poemas,
Por que não quero deixar-te
Presa a folhas mortas de papel.
Meu poema de amor
Para ti
É meu peito aberto,
Sem medo,
É minha boca
Em silêncio,
Por teu beijo.
Eu não te escrevo versos,
Te esboço a punho,
Deito a matiz da minha boca
Para colorir tua cútis.
O meu poema
Pra ti,
É agora,
É à urgência da saudade,
É a amizade que me cobras
E que não consigo limitar.
Sou tua Mary Jane
Tua personagem,
Sou tua,
Só tua,
Nota!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Café para Um

Quente,
Muito quente,
Alucinógeno,
Mais café que leite,
Adoçante,
E degenerativo
À Alzheimer.
Porque nas considerações,
Apenas eu
E a minha xícara de café,
E eu consinto
Permanecer alegre.

Soturno

Coração
Que precoce
Abriste a guarda,
Fecha-te em copas,
Na copa nua,
Das árvores sem folhas,
Sem flores,
Dos Ipês fora de época.

Deixa-te notar.
Tudo calha
E no porvir
A perspectiva,
Tudo florir!
Sempre florir,
Sabe-se
Por tirocínio ou intuição.

Poema com Sabor

Fosse possível
Degustar um poema,
Este seria
Sabor "m&m".
Não que consista
Em poema de marketing,
Nem que ele seja
O melhor chocolate,
É que "m&m"
É sob medida
Para lembrar de você.

Titubear

Tensão.
Depois da pergunta
Que exigia "sim",
Silêncio.
Pudera valer o ditado
"Quem cala consente",
Mas não,
Era só silêncio...
Mais alguns segundos,
Clima tenso.
Custava responder de uma vez
Coisa tão simples,
Fosse sim ou não?
Impacientou-se:
- Afinal, a senhora aceita ou não?
- Não! Digo, Sim!
- Minha senhora, ou é sim ou não.
- Tá bom. Sim! É que estava de dieta, mas traz uma coca.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Escrever é Irresistível

Ao escrever
Tenho a impressão que as letras
São pedaços que se arrebatam
Para além de mim,
Tenho a impressão que os sentimentos
Diluem-se pelos meus versos
Até desaparecerem.
Eu me reduzo e me limito
A escassez lexical,
Pela necessidade de definições,
De encontrar partes
Que componham
O meu universo particular.
Procuro respostas, sem encontra-las,
Encontrando-as toda vez,
Inda que seja,
Com suaves variações.
Nada é absoluto,
Única coisa bem resolvida até agora.
Eu escrevo,
Eu continuo a escrever
Por que escrever é irresistível,
É como o porquê que sobra
Sucessivo, a termo de uma resposta,
Escrever é a terapia do esquecimento,
Da exaustão ou do convencer-se
De que algo é o que é mesmo não sendo,
De se enfeitar a realidade às ilusões convenientes.
Diante dos fatos, findo por hora que:
Eu queria ser apenas eu lírico,
Por que escrever é minha desdita
E não queria ficar demasiado exposta,
Eu não queria surgir tão óbvia
No raio-X dos meus poemas.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Prazo de Validade

A palavra dita
Finda
No último suspiro,
A escrita
É eterna
Impressa no papel,
Os sentimentos
Lapidam termos,
Os versos carregam
A própria alma
Do poeta,
Por tempo limitado,
Mas o que mata mesmo
É esta falta de etiqueta
A definir
Qual, por fim,
É o seu prazo de validade.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Razão

Cabes em mim de memória,
Lembrança detalhada,
E o mapa do teu corpo que amo,
O que também me ama,
Única certeza,
Tenho guardado.
Nada mudou drasticamente,
Diz-me,
Minha vaga lembrança,
Fotográfica,
Nem o meu amor,
Pura latência.
Alcanço,
Sempre haverá Razão
Quem sabe antes do fim
E depois do fim
Recomeço.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Veleiro

Às tuas mil caligrafias
Uma saudade,
Tu longe,
Eu sob o aroma
Do cappuccino que te fiz
E não pudeste tomar,
Tomando-me
A tua maneira.
No teu abraço
Como não sorrir?
Estranho
Tudo mudar
Rápido como um lampejo
Lindo
Feito um veleiro
Em mar aberto.
Quão boas
Podem ser as mudanças
Cismo...
Cismo: Que horas tu vais voltar?
Meu bem,
Eu tenho pressa,
Não me deixe perder
Mais este segundo.