segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Amélia



Meu amor acorda às seis,
Faz café,
Faz almoço,
Sai para trabalhar.
Meu amor cuida da roupa,
Das cuecas,
Põe para secar.
Meu amor não reclama,
Não xinga,
E com sua gentileza,
Põe a mesa do jantar.
Meu amor pensa em mim
O dia inteiro
E quando anoitece
Acaricia minha cabeça,
Dá-me o peito
E eu prometo
Não acordar de novo às quatro.

(Pintura de Mary Cassatt - Maternidade 1890)

Sensatez

Quero ficar nos teus olhos fechados,
Na carícia,
No abraço imaginário que te dei,
Quero ficar na reclamação do outro dia
Da minha falta de bom dia,
Da minha impossibilidade...

Quero ficar nessa distância mínima,
Nesse risco ameno
Para o teu delicado coração.

Quero poder dizer não!

Quero ficar pela metade,
Aos pedaços,
Aos prantos,
Se assim te deixar intacta,
Imune
A minha fugacidade.

sábado, 27 de setembro de 2014

Na Mira


Um abraço curto
Não chega ser raso,
Nem um pedaço,
Nem sufocante,
Nem suficiente...
Um abraço curto
Beira a maldade,
Um abraço que, pela metade,
Não é não, nem sim,
Uma ilusão carregada
Prestes a atirar.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Disritmia



http://www.mundoeducacao.com/upload/conteudo_legenda/576e3c30ada47358caae294aed102b96.jpg

Não é uma simples disritmia,
Uma batida descompassada
Que atravessa o gráfico das sístoles e diástoles indiscretamente.
Não é caso de marca-passo,
Dietas magras
E caminhadas pela manhã.
Meu coração tem vida própria:
Ou ama, ou morre!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Plastificação











Vou plastificar o meu amor,
Para que o tempo não surrupie minhas promessas,
Para que a traça não coma o sentido original,
Para que a água não misture o que eu disse,
E assim,
Com meu amor intacto,
Possa te amar no final
Como fosse o começo.