sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ao SE


Eu queria ser o “se”
“Se” de sete em vez de uma,
Se eu fosse o se
Eu faria a mais bonita
Oração condicional...
Perguntando a Deus se me ouvia
Só para virar uma integrante
A ser sempre o que fui antes
Uma subordinativa.
Já para virar uma partícula
De realce ou expletiva
Passam-se várias horas,
E nessa espera apassivadora
Espalham-se rumores,
Trabalha-se num apelo tal
Por fazer-me mero índice
De Indeterminação do sujeito.
Quanto ao sujeito,
A breve história é que
Ele arrepende-se do delito
- Querer ser verbo pronominal -
E numa atitude derradeira
Matou-se deixando num bilhete escrito:
“Por que deixei de ser pronome reflexivo?”

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Um Café por Gentileza


Um café não precisa ser expresso
Pode ficar subentendido,
Pode continuar puro
Mesmo sendo mocaccino,
Pode por um cappuccino
Quando for sair na chuva
E não quiser correr o risco
De virar americano,
Rebaixado,
O que no fundo e no raso
Significa a mesma coisa,
Pode vir sem açucar,
Desarrazoado,
E ser o mais doce disparate,
Pois um café
Não precisa ser expresso
Pode ser pingado,
Despretencioccino,
Fica a teu critério...
Mas por gentileza,
Que não seja submarino
Café sem açúcar... até vai lá,
Mas sem café?!