terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Escrever

Escrever é dinâmico, o ser é dinâmico.
Eu, pelo menos, sempre acordo diferente, vou escrevendo diferente, tão variada que quando me leio em ordem cronológica sinto as nuances.
A onda de agora chama-se fotopoema.
A princípio era poema, depois me apaixonei por fotografia. 
No começo achava um exagero um fotopoema, pois veja, há fotos que não precisam de palavras, são pura poesia visual, assim como há poemas escritos que não precisam de mais nada. Um dia eu acordei pensando que eu posso escrever um poema incompleto, ou um poema que se complete em uma fotografia ou vice-versa, assim, dentro do conceito criado por mim mesma para fotopoema, ele não seria simplesmente um poema escrito sobre uma foto. Não! Isso não é um #fotopoema.

Fotopoema: s.m. poema que se completa pela fotografia associada e que, em alguns casos, não tem sentido isoladamente.


Longe de tentar estabelecer um paradigma, vos apresento o que há para 2015 em Janete Lacerda, porque mudar é irresistível.


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Amélia



Meu amor acorda às seis,
Faz café,
Faz almoço,
Sai para trabalhar.
Meu amor cuida da roupa,
Das cuecas,
Põe para secar.
Meu amor não reclama,
Não xinga,
E com sua gentileza,
Põe a mesa do jantar.
Meu amor pensa em mim
O dia inteiro
E quando anoitece
Acaricia minha cabeça,
Dá-me o peito
E eu prometo
Não acordar de novo às quatro.

(Pintura de Mary Cassatt - Maternidade 1890)

Sensatez

Quero ficar nos teus olhos fechados,
Na carícia,
No abraço imaginário que te dei,
Quero ficar na reclamação do outro dia
Da minha falta de bom dia,
Da minha impossibilidade...

Quero ficar nessa distância mínima,
Nesse risco ameno
Para o teu delicado coração.

Quero poder dizer não!

Quero ficar pela metade,
Aos pedaços,
Aos prantos,
Se assim te deixar intacta,
Imune
A minha fugacidade.

sábado, 27 de setembro de 2014

Na Mira


Um abraço curto
Não chega ser raso,
Nem um pedaço,
Nem sufocante,
Nem suficiente...
Um abraço curto
Beira a maldade,
Um abraço que, pela metade,
Não é não, nem sim,
Uma ilusão carregada
Prestes a atirar.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Disritmia



http://www.mundoeducacao.com/upload/conteudo_legenda/576e3c30ada47358caae294aed102b96.jpg

Não é uma simples disritmia,
Uma batida descompassada
Que atravessa o gráfico das sístoles e diástoles indiscretamente.
Não é caso de marca-passo,
Dietas magras
E caminhadas pela manhã.
Meu coração tem vida própria:
Ou ama, ou morre!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Plastificação











Vou plastificar o meu amor,
Para que o tempo não surrupie minhas promessas,
Para que a traça não coma o sentido original,
Para que a água não misture o que eu disse,
E assim,
Com meu amor intacto,
Possa te amar no final
Como fosse o começo.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Rio de Janeiro



Amo-te, meu Rio de Janeiro,
Com um amor apaixonado,
Inesperado,
Como nunca pude cogitar...
Amo-te por essas serras suicidas,
Amontoados seios verdejantes,
Precipitando-se em mar.
Amo-te, com este amor primeiro,
Desesperado, 
Feito passo de Flamengo 
Aterrado no meu peito,
Só porque te esbarraras
Na barra das minhas ancas,
Das minhas Urcas,
Florestas da Tijuca,
Onde deixo de ser homem
E viro pássaro,
E voo alto,
Numa alfa delta sensação de estar completa.
Amo-te e de tanto amá-lo
O meu coração incandescente,
Em Fogo bota-se,
Brotando em mim este
Botânico Jardim de Aláh.
Amo-te e sinto
Quere-te em casamento,
Acordar pelo resto dos meus dias
Freitas Lagoa nos teus barcos,
Ser tua Marina, a tua Gloria,
Tua Vila Isabel.
Amo-te tanto
Que esse amor tamanho
Às vezes Farme Amoedo,
E por isso perco o Leme,
Me falta o Ar-poador,
Por essa dor,
De ter que te deixar.